Incubadoras sul-africanas na contramão da crise

A empresa sul-africana de minérios, Anglo American, que atua em quinze países do mundo, inclusive no Brasil há 40 anos, anunciou recentemente o lançamento de um programa de incubação, por meio do seu braço de desenvolvimento empresarial, a Zimele, uma empresa da província de Gauteng, na África do Sul, que atua na indústria e manufatura, mais especificamente em serviço de desinfestação.

A Anglo American foi criada em 1917 e hoje, com mais de cem anos de evolução, conta com noventa mil funcionários ativos. Seu presidente, Mark Cutifani, explicou que o objetivo do programa de incubação é ajudar quinhentas empresas de jovens e mulheres ao redor das zonas rurais, nas províncias de North West, Limpopo e Northern Cape, na África do Sul. O programa será oferecido em três fases, em cada localidade, e terá a participação de 25 empreendedores e empreendedoras em cada fase. Os e as participantes terão acesso a treinamento, orientação e ferramentas, para refinar seus modelos de negócios. O programa ajudará a identificar e engajar mercados-alvos a fim de testar os produtos e serviços, com a ajuda das empresas parceiras TechnoServe, Smmit e Absa, também localizadas na África do Sul.  

Esse programa de incubação é mais uma proposta, dentre outras que já foram lançadas pelas centenas de incubadoras que estão em atividade no país, como por exemplo, Seda South Africa, Aurik e Softstart BTI. Todos esses programas foram implementados pelo Departamento de Comércio e Indústria, com o objetivo de desenvolver incubadoras para criar empresas de sucesso com potencial de rejuvenescer comunidades e fortalecer a economia local e nacional.    

África do Sul é um país que tem mostrado um alto nível de desenvolvimento de startups, ocupando a primeira posição no ranking do continente africano em criação de empreendedorismo digital depois da pandemia da covid-19. 

Diferentemente do Brasil, onde muitas startups acabaram por demitir em massa profissionais nas empresas, como foi o caso de Ebanx, Facily, Olist e QuintoAndar, devido à redução de disponibilidade financeira de capital de risco no mercado, oriunda dos efeitos da pandemia, da guerra na Ucrânia e de outras  intempéries econômicas que refletiram negativamente sobre os negócios. Essa fuga de capitais (ou redução de capital de risco) no Brasil se deve também, em parte, pelo aumento da taxa de juros nos Estados Unidos, usada pelo Banco Central como mecanismo de redução da inflação.      

Vale lembrar que a África do Sul é um país pertencente ao continente africano, localizado no extremo sul de África, entre os oceanos Atlântico e Índico, com 2.798 quilômetros de litoral. É limitado pela Namíbia, Botsuana e Zimbábue ao norte; por Moçambique e Essuatíni a leste. O país Lesoto é um enclave totalmente localizado no território sul-africano. A biodiversidade e a grande variedade de culturas, idiomas e crenças religiosas fazem da África do Sul um país rico ecologicamente e multicultural. A constituição reconhece 11 línguas oficiais, entre elas o africâner (língua que se originou principalmente a partir do neerlandês, falado pela maioria dos brancos e mestiços sul-africanos) e o inglês sul-africano (a língua mais falada na vida pública oficial e comercial, mas apenas o quinto idioma mais falado no país). A África do Sul foi colonizada no século XV pela Holanda; de 1948 até 1990 viveu sob o regime do apartheid. 

Por: Timóteo de Sousa 

Fonte: Disrupt África

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